40 Anos de morte de Tancredo Neves - São João del-Rei
Entrevista do deputado federal Aécio Neves - São João del-Rei
Sobre a importância de Tancredo para o processo de redemocratização do país?
O Brasil vive hoje o mais longo ciclo democrático de toda a sua história republicana. E revisitar esse momento, de 40 anos atrás, eu acho que é uma sinalização que nós damos, principalmente para as novas gerações, da importância de vivermos hoje em uma democracia, em liberdade, onde nós próprios podemos definir o nosso destino. Muita gente pode achar que sempre vivemos assim. Não foi assim. Foi uma arquitetura extremamente bem construída, não só por Tancredo. Tancredo talvez tenha tido a virtude de liderá-la no final como candidato à Presidência, mas foram muitos brasileiros daquela geração que nos permitiram deixar 21 anos de arbítrio para trás e construirmos um caminho novo para o Brasil.
Portanto, ao homenagear Tancredo, estamos homenageando todos aqueles que permitiram que o Brasil, apesar de todos os desencontros, apesar de todo o radicalismo, apesar das tentativas de ruptura democrática, o Brasil continua sólido, sobre instituições fortalecidas. A presença aqui hoje do presidente da Câmara, deputado Hugo Mota, é uma honra muito grande para todos nós, porque ele preside uma casa, que eu já tive a honra de presidir, que é o retrato mais bem acabado da democracia. Ali está o Brasil, com suas virtudes, com as suas mazelas, com as suas diferenças, mas sempre forte na defesa da democracia. Por isso, eu estou muito honrado com a presença de tantos e de tantas amigas aqui hoje.
O senhor falou da tentativa de ruptura da democracia, como o senhor está vendo essa questão da anistia que está em discussão atualmente?
Olha, o presidente Hugo tem sabido conduzir isso com extrema serenidade. O esforço que todos nós fazemos, e aí talvez inspirado por Tancredo, é o da conciliação, é o da busca da convergência. O Brasil é muito mais do que essa polarização rasa, inculta, radicalizada que nós vivemos hoje. Então, tenho certeza de que ele, com a serenidade, com a autoridade que tem, com o apoio de todos nós, vai encontrar um caminho que permita o Brasil olhar pra frente, porque a obra a ser construída é ainda enorme, os desafios são ainda muito grandes e nós temos plena confiança na condução que está dando ao processo o presidente Hugo Mota.
Sobre o PSDB
O PSDB também foi um partido essencial à democracia. Essencial às principais reformas econômicas que vivemos, que deixaram para trás o passado negro da inflação. E ao contrário do que presumiam alguns, eu costumava brincar que aqueles que mandavam coroas de flores para o velório do PSDB vão ter que pedir reembolso, porque o PSDB vai ressurgir mais forte do que nunca, aliado ao Podemos. Vamos anunciar nos próximos dias a incorporação dos dois partidos e vamos apresentar ao Brasil um caminho ao centro, que dialogue com os extremos, mas que permita ao Brasil agir como agiu Tancredo e tantos outros atrás, de forma generosa, de forma desprendida. Repito, o Brasil não se resume a essa polarização que está aí hoje. E o PSDB, assim como outros partidos, o próprio partido do presidente Hugo, o Republicanos, com quem nós temos conversado muito, buscam construir lá na frente um grande entendimento em favor do Brasil que olhe para o futuro e não apenas para o passado.
O sr. será candidato em 2026 a governador ou a presidente da República?
Não, eu estou já encerrando a minha caminhada. Quero estar ao lado dessas forças políticas ou desses setores da sociedade que não se contentam com essa polarização. E falo com muita, muita sinceridade. O Brasil não é só isso. Hoje temos setores do Brasil que votam no extremo porque não se identificam com o outro e votam no outro porque não se identificam com um. Vamos apresentar ao Brasil uma alternativa onde as pessoas votem num projeto liberal na economia, inclusivo do ponto de vista social, pragmático na nossa política externa, que defenda os interesses do Brasil e que não se alinhe apenas do ponto de vista ideológico. Eu estou muito animado com o que está surgindo aí e vamos dar tempo ao tempo. Eu digo sempre que a decisão correta no tempo errado muitas vezes dá errado.
Mas o sr. não vai ser candidato, é isso?
Não, eu não tenho ainda uma decisão tomada, mas não trabalho por isso. Eu trabalho para consolidar uma nova força de centro, de centro democrático no Brasil a partir da fusão do PSDB com o Podemos, da Aliança com Solidariedade e, também, de uma federação com outras forças políticas com as quais nós estamos conversando.
Fonte e fotos: Assessoria de Comunicação deputado federal Aécio Neves.
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